Antes de qualquer coisa gostaría de dizer que a Pastoral do Dízimo sustenta as demais Pastorais. Para implantar
a Pastoral do Dízimo é necessário, dentre outras coisas, que haja uma
preparação prolongada com a equipe de pessoas que vão ser ou que já são
missionários do Dízimo. É o período de formação e conscientização, baseado nos
textos bíblicos.
Devemos implantar a Pastoral do Dízimo numa paróquia ou
comunidade por vários motivos:
- Primeiro, porque o Dízimo é um dos primeiros projetos de Deus e, portanto, não é invenção de padres ou pastores;
- Segundo, porque o Dízimo tem como finalidade a sustentação e edificação do Reino de Deus. Assim sendo, o Dízimo é a única fonte de renda justa e aprovada por Deus[1];
- Terceiro, para mostrar que todo católico deve ser dizimista para receber as bênçãos e graças de Deus (Cf. Ml 3,11);
- Quarto, porque o Dízimo é acima de tudo um dever de gratidão a Deus pelos inúmeros benefícios recebidos continuamente. O maior deles é a Vida. Deus nos deu a vida e mais que isso, nos salvou, em seu Filho, Jesus Cristo. A Ele nós devemos a vida e a salvação. Portanto, tudo o que temos é dom de Deus e, por isso, tudo o que fazemos para alcançar nossa salvação é insuficiente. A nossa renuncia e a preocupação de sermos bons é para corresponder e retribuir o amor de Deus por nós; é pra agradecermos o gesto de amor na Criação e na Redenção realizadas em nosso favor;
- Quinto, porque nossa Diocese já está com mais de 30 anos de caminhada de evangelização. Já caminha com as suas próprias pernas e mais: ela deve “gerar” e “sustentar” suas obras de evangelização.
O
Dízimo não é um negócio que fazemos com Deus, mas é uma manifestação e
demonstração de gratidão a Ele por tudo o que temos recebido (Cf. Ml 3,8-9). É
conseqüência, é resultado de uma fé amadurecida, é gerador de espírito de fé.
Quem não devolve o seu Dízimo
comete pecado? O Dízimo é obrigatório? O Dízimo é direito de Deus, é um
mandamento de Deus (Cf. Dt 26,12-13; Ml 3,8-9).
O que é o Dízimo?
·
É
partilha! Partilhar não é dar o que sobra. Partilhar é dar o que o outro
precisa;
·
Não
é pagamento. É uma devolução de um pouco do muito que Deus te concede a todo o momento;
·
É
um canal extraordinário de graças; fonte de alegria;
·
O
Dízimo não é uma porcentagem (10%). É mais que isso, um compromisso de
fidelidade com Deus, com a Igreja e com os pobres;
·
É
uma devolução espontânea, comunitária, livre, alegre, generosa e familiar,
consciente, sistemática, não é um imposto, uma taxa, um tributo para aplacar a
justiça na consciência.
O que diz a Bíblia sobre o Dízimo?
Gn 14, 8-20
“Melquisedeque, rei de Salém e
sacerdote de Deus, recebe o dízimo de Abrão”. O Dízimo deve brotar da
gratidão, do reconhecimento de que Deus é o Senhor de tudo. Se tenho é porque
Ele me deu.
Heb 7,4 “Considerai, pois, quão grande é aquele a
quem até o patriarca Abraão deu o dízimo dos seus mais ricos espólios”. Abraão, nosso pai na fé, pagou o dízimo.
Quem de nós pode auto-isentar?
Dt 14, 22-26 “Porás
à parte o dízimo de todo o fruto de tuas semeaduras, de tudo o que teu campo
produzir cada ano”. O dízimo é destinado a peregrinação (à casa do Senhor),
a cada três anos. É um dízimo com o fim
específico: uma finalidade absolutamente espiritual. Deus exige o dízimo e os
primogênitos.
Dt 14, 27-29 “Daí
o Dízimo para que o levita, o órfão, a viúva, o estrangeiro possam comer à
saciedade, e que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todas as obras de tuas
mãos”. Os nossos empreendimentos dão resultados porque são abençoados. E
são abençoados quando partilhamos o dízimo com os que não podem sustentar-se.
Dt 12, 11-14; 15-28 “O Senhor escolheu um lugar de entregar o Dízimo”. Hoje, a equipe,
com a participação do Padre, deve receber o dízimo e ajudar a Comissão da
Comunidade, como os filhos de Levi ajudaram aos sacerdotes no Templo, naquela
época.
Nm 18, 26-28 “Os
levitas tinham que dar uma parte do dízimo a Arão”. Os padres ou agentes de
pastorais têm que pagarem o dízimo. O dízimo serve para ajudar os pobres, os
doentes ou os que não tenham condições de manter-se e para as necessidades da
paróquia e da comunidade.
1 Cor 9, 4-14
“Não temos o direito de comer ou
beber? Pois é direito daquele que prega o Evangelho viver do Evangelho”. Os
padres, as irmãs ou agentes de pastoral adquirem o direito de participar das
ofertas e do dízimo na medida em que se dedicam à comunidade.
Mt 22, 15-21 “O
próprio Jesus, para não escandalizar, pagou o tributo”. O imposto, paga-se
o devido; a Deus, oferece-se conforme manda o coração. Supõe aqui um coração
conscientizado que conhece seus deveres, as necessidades da paróquia e
corresponde por amor, por justiça.
Gn 28,20-22 “Jacó
estava fazendo negócio com Deus: pedia proteção, comida e tranqüilidade; se
Deus o atendesse, ele lhe daria 10%”. Deus o atendeu e Jacó cumpriu sua
promessa. Não tenha medo de pedir e ser fiel a Deus, como Jacó fez.
Lv 27, 30-31 “Todos
os dízimos da terra, do gado, etc., será consagrado ao Senhor”. O dízimo é
propriedade do Senhor. Vemos explicitamente nesta passagem, a obrigatoriedade
do dízimo. Se tenho dez laranjas, uma é de Deus.
Mal 3, 8-11 “Pode
o homem enganar o seu Deus?”. “Pagai
integralmente o dízimo e vereis se não derramo a minha benção além do
necessário” O dízimo é algo
importante e sério. Ficar com o que é dos outros é roubo. O verdadeiro sentido
do dízimo está aqui. Deus pede o dízimo e diz porque.
Tb 1, 6-7 “Dirigia-se
ao templo do Senhor de Israel, oferecendo fielmente as primícias e os dízimos
de todos os seus bens”. Tobit foi sempre um homem bom, fiel e temente a
Deus, por isso, era protegido por Ele contra qualquer desgraça.
Mt 23, 23; Lc 11,42 “Ai de
vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, mas não
praticais a justiça, a misericórdia”. O fato de pagarmos o dízimo não nos
autoriza a praticarmos injustiças e sermos exploradores.
O Que Diz A Bíblia Da Oferta?
Lc 21, 1-4
“Em verdade vos digo, esta pobre
viúva depositou mais do que os outros”. O quanto da oferta é medido pela
fé, e não pelo saldo bancário.
At 2, 44-45
“Todos os fiéis viviam unidos e
tinham tudo em comum”. A medida do conhecimento da graça de Deus é a medida
do amor aos irmãos; a partilha dos bens materiais expressa conversão.
Lc 19,8 “Zaqueu disse: Senhor vou dar a metade de
meus bens aos pobres e restituirei quatro vezes mais aqueles que defraudei”. Temos
aqui uma co-responsabilidade a partir do arrependimento de uma vida errada,
contrária aos projetos de Deus.
2 Cor 9, 12-13
“A oferta prevê as necessidades
dos irmãos e a abundante fonte de ações de graças a Deus”. Tua oferta é
benção para o necessitado, é fator de multiplicação dos teus bens e é a tua
ação de graças pelos bens recebidos.
Dt 24, 19-21 “Deus
se preocupa com os pobres e estabelece o direito deles à vida. A terra é dom de
todos os homens”. Devemos ajudar os necessitados. Se deixarmos alguém com
fome, tendo o que dá a ele, estamos sendo responsáveis pela fome dele.
2 Cor 9, 7-11
“Dê cada um conforme o impulso do
seu coração, sem tristeza nem constrangimento. Deus ama o quem dá com alegria”.
Tanto o dízimo como a oferta deve ser medidas conforme o
coração; toda riqueza deve ter como objetivo a partilha e a justiça.
1 Tm 6,10 “A raiz de todos os males é o amor ao
dinheiro; e pela cobiça alguns se desviaram da fé e vivem atormentados em
muitas aflições”. Não devemos apegar-nos ao dinheiro, pois, ele pode
tornar-se nosso deus.
At 4, 36-37
“Há quem dá com a liberdade e
obtém mais; outros poupam de mais e vivem na indigência”. Há os que sentem
um impulso especial e colocam tudo a serviço do Reino. São os verdadeiramente
livres.
Lc 16, 10-11
“Aquele que é fiel nas pequenas
coisas, será fiel nas coisas grandes”. À medida que somos fiéis ao pouco,
seremos contemplados com muito mais, porque com mais seremos fiéis.
2 Cor 8, 1-3
“Sou testemunha de que segundo as
suas forças e até além das forças, contribuíram espontaneamente”. Esta
prática demonstra maturidade cristã, co-responsabilidade e verdadeira comunhão
com os mais necessitados.
Lc 6, 38 “Dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no
regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque com a mesma medida
com que medirdes, series medidos vós também”. Cada um receberá conforme o
que tiver dado e da mesma maneira. Portanto, saibamos contribuir com alegria e
boa vontade e assim seremos abençoados por Deus abundantemente.
[1]
Todas as formas de arrecadação fora do Dízimo, reproduz o sistema e a lógica
capitalista: Troca e venda. E ainda: antes se fazia Festas com arraial, com
vendas de bebidas alcoólicas, danças, jogos de azar, leilões... gerando
conflitos e danos físicos ou morais terríveis às pessoas e à Comunidade.
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